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Rio Grande, 03 de maio de 2024
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E-books: saiba mais sobre vantagens, incertezas e o mercado

e-Books

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Quem quer mesmo ler um livro em formato digital pode hoje escolher entre uma série de diferentes dispositivos que permitem sua leitura. Alguns são bastante especializados e se concentram na experiência de leitura, como o Kindle, da Amazon e o Nook,da Barnes & Noble, com tela de e-Ink, que não emite luz e traz mais conforto visual.

Há ainda outros dispositivos que, não sendo nativamente e-readers, foram adaptados à leitura dada a sua portabilidade, como por exemplo celulares de tela ampla, como o iPhone, players como o iPod Touch ou até mesmo games portáteis, como o Nintendo DS.

Por fim, também existem os tablets, grandes estrelas da tecnologia de consumo em 2010. Com o iPad como carro-chefe, os tablet, entre suas centenas de funções, também servem ao propósito da leitura. E não esqueçamos do bom e velho computador pessoal, seja ele desktop, laptop ou netbook, que pode ter a tela ajustada para um brilho mínimo de modo a permitir a leitura por um longo período evitando o cansaço visual.

Quem possui netbooks também pode seguir uma dica do Lifehacker (pelo atalho http://tinyurl.com/ycjryuv) e inverter a posição da tela, permitindo a leitura de e-books com o dispositivo na vertical, o que pode ser um pouco mais confortável, já que evita o excesso de rolagem.

As vantagens da leitura em livros digitais

O mais bacana de tudo isso é que o leitor jamais será surpreendido com um "estoque esgotado" numa loja de e-books. Não tem essa: os livros estarão sempre disponíveis, até nos momentos mais inconvenientes ¿ como quando você lembra de madrugada que precisa entregar aquele trabalho no dia seguinte.

Eles podem ser levados para quase qualquer lugar sem pesar na sua bolsa ou mochila, permitem anotações e marcações de página e o melhor: eles têm mecanismos de busca internos, recurso indispensável para qualquer pesquisador ou estudante. Ou seja, nada de gastar horas folheando livros, artigos e páginas e mais páginas de anotações em busca daquele trecho que você gostaria de citar em sua pesquisa.

Os e-books ainda podem ser mais baratos que as publicações impressas, já que a sua distribuição é feita pela internet e não há necessidade de gasto de matéria prima e mão-de-obra para cada uma das suas unidades. Há quem diga também que os e-books são mais ecológicos, já que economizam a enorme quantidade de papel utilizada para imprimir os diversos títulos produzidos anualmente.

No entanto, isso ainda é um assunto espinhoso, já que não há contabilização da energia gasta em todo o processo e muito menos do impacto ambiental da fabricação e posterior descarte dos aparelhos.

Os ambientalistas ainda são um tanto descrentes em relação à sustentabilidade dos e-books. Isso porque, apesar de preservarem diversas árvores ao não fazerem uso de papel, os livros eletrônicos são responsáveis por uma senhora pegada de carbono na sua produção, e ainda têm o inconveniente de o descarte dos aparelhos não ser suficientemente eficiente. Assim, para alguns, o uso de papel feito de madeira de reflorestamento, ou aquele desenvolvido a partir de materiais reciclados, seria ainda uma alternativa mais ecologicamente correta.

Além disso, os mais céticos em relação às tecnologias temem pela durabilidade das obras disponibilizadas em formato digital, já que as mudanças de tecnologia e/ou bugs nos aparelhos podem facilmente colocar a perder grandes contribuições da literatura por um simples procedimento equivocado. Para as editoras, um dos grandes empecilhos na implementação em larga escala dos e-books é a questão da pirataria, e elas também enfrentam o dilema do valor a ser cobrado por um livro digital.

Caso as editoras escolham baratear muito o preço de capa de seu catálogo de e-books, podem acabar desvalorizando as obras, que passam a ser desinteressantes na percepção do próprio leitor. Se elevarem demais o valor dos e-books, correm o risco de serem largamente pirateadas, vendo seu material sendo distribuído de forma ilegal rede afora. É o caso, por exemplo, de J. K. Rowling, autora da série Harry Potter, que recentemente se viu compelida pelas circunstâncias a editar versões digitais da famosa série do bruxinho, sob pena de ver o seu conteúdo largamente pirateado ¿ há cinco anos, ela se recusava a permitir a difusão dos livros de Harry Potter em formato e-book.

Afinal de contas, como destaca o site TechDirt, oferecer uma versão oficial não acaba com as cópias ilegais, mas não oferecê-la impede a obtenção de renda advinda de uma versão oficial. O site lembra que os fãs da série acabaram construindo uma versão digitalizada de um dos livros a partir de um esforço comunitário para escanear o texto com a tecnologia OCR, e o e-book pirata estava online cerca de 12 horas depois do lançamento oficial do livro físico.

Entre os defensores da privacidade também há receio, já que ainda existe um controle muito grande por parte das empresas fabricantes de e-readers e das lojas distribuidoras de e-books sobre os dados de leitura dos clientes e seus livros. Há pouco tempo, a própria Amazon removeu dos Kindles de seus usuários, de forma remota e sem aviso prévio, cópias do livro 1984, de George Orwell, que tinham sido adquiridas pelos leitores.

No Brasil, os passos ainda são lentos

O mercado brasileiro ainda é bastante incipiente. Ele começa, aos poucos, a dar seus primeiros passos, com alguns projetos em andamento, mas ainda sem sucesso editorial. Entre as livrarias e editoras que se propõem a publicar ebooks, a Cultura, a Saraiva e Editora Gato Sabido são alguns exemplos.

Mais recentemente, seis grandes conglomerados editoriais ¿ Objetiva, Record, Rocco, Sextante, Planeta e Intrínseca ¿ se reuniram para formar a Distribuidora de Livros Digitais (DLD), uma plataforma de armazenamento e comercialização de e-books, primeira iniciativa do gênero em terras tupiniquins. Apesar da DLD não oferecer os livros diretamente ao consumidor final ¿ trata-se de uma empresa B2B ¿ ela pode sinalizar um amadurecimento do mercado em relação aos livros digitais.

Mesmo sendo a primeira, essa não é a única iniciativa no país: a Jorge Zahar tem planos para uma plataforma própria de livros digitais, a Xeriph, e além dela, existem no Brasil editoras especializadas no desenvolvimento de e-books, bem como em sua conversão para o ePub, o formato agora universal.

Outra proposta estimulante é da Editora Plus (Projeto para o Livre Uso do Saber), que tem como propósito derrubar as barreiras que separam as pessoas do conhecimento. O projeto publica e-books e artigos em formato digital, sempre gratuitos. Desde 2008, quando foi fundada, a Editora Plus já publicou mais de 40 títulos, entre artigos científicos e clássicos literários, e em seu curto tempo de vida foi a primeira editora do Brasil a publicar livros em ePub e em formato para celulares, quando tudo era ainda novidade no país.

A iniciativa da DLD é interessante por dar a cara a tapa. O mercado editorial estava muito ressabiado em apostar em uma iniciativa que pode, de repente, perder força, e as editoras todas estavam esperando que alguém desse o primeiro passo. Com a junção de grandes grupos editoriais, todas vão dar o mesmo passo, juntas, o que pode ser uma boa notícia para o mercado brazuca.

No entanto, ainda há muito chão até que esse mercado se consolide e para que tenhamos uma boa variedade de e-books no país. Ednei Procópio, membro da Comissão do Livro Digital da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e especialista em livros eletrônicos, acredita que ainda é necessário fixar um formato de arquivo convergente ¿ apesar do ePub ser oficial, muitos leitores têm seus próprios formatos -, incentivar a vinda e a criação de aparelhos leitores de e-books para o Brasil, além de oferecer uma maior quantidade (e qualidade) de "livrarias e bibliotecas eletrônicas".

"A oferta de conteúdo pago, de qualidade, ainda é pequena, embora haja bibliotecas digitais oferecendo 'frebooks' (e-books gratuitos), mas sem a qualidade editorial necessária", explica ele.

Para que o mercado editorial digital no Brasil ganhe força, será preciso que as editoras topem o desafio de encarar um modelo de negócio completamente diferente do que já conhecem. "Falta um modelo de negócio que visualize principalmente o leitor final, o consumidor, o usuário. Falta trocar o 'achismo' por profissionalismo. E falta a convergência entre hardware, software e conteúdo, três itens essenciais, sem os quais o mercado de livro digital não poderá trafegar", pontua Procópio.

E o mercado internacional?

Como é sabido e notório, fora do Brasil o acesso a leitores eletrônicos como Kindle, da Amazon, e o Nook, da Barnes & Noble (e tablets que podem ser usados para esse fim, como o iPad, da Apple) é mais fácil: são muito mais baratos de adquirir.

Recentemente, para acirrar a competição com o iPad (que é multifunção), Kindle e Nook (praticamente mono-função) baixaram seus preços ¿ US$ 189 e US$ 149 respectivamente. Mas não chegam ao Brasil por menos de R$ 500 (quando chegam).

Durante a apresentação do iPhone 4 na WWDC, no início de junho, Steve Jobs fez questão de ressaltar alguns números da iBookStore, loja de ebooks para iPad, que surpreenderam muita gente: foram 5 milhões de downloads de e-books em apenas 65 dias. A nota de Jobs, que empolgou muita gente, não entrou em muitos detalhes sobre que tipos de e-books teriam feito mais sucesso entre os usuários. "Existem diversos livros grátis dentro da plataforma, então a gente precisa verificar se foram 5 milhões de livros digitais baixados, incluindo (ou não) freebooks ", ressalta Procópio.

Ainda assim vale lembrar que esse frenesi todo por edições eletrônicas pode ser, na verdade, momentâneo. "A vontade das pessoas de experimentarem o 'novo' e a curiosidade para ler um livro no iPad certamente contribuíram para esse número", diz Eduardo Melo, um dos sócios da Simplíssimo, empresa brasileira com experiência internacional em vendas de e-books, sobre os números apresentados por Steve Jobs.

Estatisticamente, o sucesso da literatura eletrônica no mercado internacional tem se mostrado grande ¿ no último Natal, a Amazon vendeu mais e-books para Kindle do que livros físicos. Uma pesquisa recente da Association of American Publishers revelou que as vendas de livros digitais teve um crescimento de 251,9% em relação ao ano anterior, enquanto a taxa de crescimento das vendas de livros físicos ficou em meros 8%.

A tendência é de que nos próximos anos os e-books se tornem ainda mais populares. Acadêmicos e estudiosos em geral veem nos leitores eletrônicos a possibilidade de adquirir, sem frete e sem espera, títulos que não estão disponíveis no local onde residem fisicamente. Novos leitores de e-books, mais modernos, potentes e, quem sabe, mais baratos, devem ser desenvolvidos, com mais usabilidade e portabilidade.

"Este ano os editores e os leitores estão aprendendo sobre o e-book. Algumas editoras estão começando a entrar no mercado, mas converter o próprio catálogo (para o meio eletrônico) requer tempo e isto indica que teremos uma boa quantidade de conteúdo no início do próximo ano", prevê José Fernando Tavares, sócio da Simplíssimo. "2011 vai ser o ano", emenda Eduardo Melo. "Teremos um mercado partindo para a consolidação, com modelos mais claros e definidos, tanto para as empresas como para os leitores", palpita.

A movimentação que estamos vendo hoje parece ser apenas a ponta do iceberg de toda uma nova indústria editorial digital. Que as editoras nos ouçam! Queremos e-books!

Fonte: (www.geek.com.br) - 08 de julho de 2010




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